segunda-feira, 25 de julho de 2016

Sobre bolos de chocolate, amor e framboesas

Amor é o que nos move. Seja ele amor a um curso, uma atividade, uma bebida, uma pessoa.

Amor próprio talvez seja o mais importante, e ao mesmo tempo, um dos mais difíceis. É muito mais simples amar algo, ou depositar a responsabilidade de nossa felicidade em outras pessoas, do que aceitar que ela depende quase que única e exclusivamente de nós mesmos.

Pode ser também amor a uma atividade. Tocar violão, fazer tricô, viajar. Essas pequenas coisas que trazem inspiração e felicidade.

Pode ser amor às comédias românticas, que trazem a leveza suficiente para continuar seguindo o meu caminho.

Pode ser amor a uma banda, ou uma música, que ajuda a compor a trilha sonora vida, e com isso, ajuda a entender o que está acontecendo.

Pode ser amor aos amigos, à família, aos amores do meio do caminho. Às pessoas que passam por nossas vidas e deixam bem mais que uma marquinha. Às pessoas que passam e deixam um pedaço de si, levando um pedaço de nós.

Os amores não resolvidos também me movem. Talvez mais que os resolvidos, na verdade. Eu tenho uma inquietação com coisas não acabadas, com histórias sem um ponto final. Amores não resolvidos mantém aquela chama de esperança de uma continuação, embora ela obviamente não vá acontecer. Tem um bolo de chocolate na casa da sua amiga, você vai e come um pedaço. Então você precisa sair para apresentar um trabalho. Quando termina de apresentar, tudo o que você quer é voltar pra casa pra comer mais um pedaço do bolo. Mas veja bem, o bolo pode ou não ter acabado enquanto você estava fora. E o bolo nem é seu! Como saber? Então. Exatamente isso que são os amores não resolvidos. Um bolo de chocolate sensacional que pode ou não ter acabado e que não é seu. E que justamente por isso, faz com que você queira voltar correndo para resolver essa dúvida.

Porque sim, amores acabam. Do mesmo jeito que eles chegam de fininho, eles também vão embora. A minha incrível experiência de... Não, calma. Em partes a minha não-muito-vasta experiência, em partes a observação de experiências não minhas, me fizeram chegar a essa conclusão. Quantas coisas já não gostamos tanto, para então deixar de gostar, se não começar a odiar? Quantas pessoas já não dissemos que amávamos, mas depois a única coisa que ficou foi a indiferença?

Acontece.

É natural.

Faz parte.

Acaba, simples assim. E a única coisa que fica é o aprendizado. E o espaço aberto para novos amores, que surgem das mais inesperadas maneiras.

Ou pode ser o amor às amoras. O amor que me fazia pegar uma xícara bonitinha, andar até o meio do mato e colher as amoras mais pretinhas do pé. Por todos os dias, durante toda a temporada de amoras na casa dos meus avós. E voltar para casa com um punhadinho de amoras, que geralmente se resumia a uns sete ou oito frutinhos e a boca (e as roupas, e a alma) toda pintada de roxo.

Sério. Como não amar as amoras? Essas amoras que são tão amorzinho que tem amor até no nome?


As framboesas que me desculpem.

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